OPERAÇÃO PRENDE BANDO COMANDADO POR VEREADOR EM SANTA LUZIA

Uma operação da Polícia Civil resultou hoje, dia 7, na prisão de integrantes de um bando responsável por crimes de roubos e pistolagem em Santa Luzia do Pará, nordeste paraense. As prisões são resultados de cerca de três meses de investigações sob comando da Superintendência Regional da Zona Bragantina. A quadrilha atuava em toda região. Eles são acusados de ser mandantes, executores e até fornecedores de armamento e munição utilizados nas ações criminosas. Quatro inquéritos policiais, ao todo, foram instaurados para investigar crimes de tentativa de homicídio, homicídio e roubo cometidos pelo bando que tem, entre seus membros, um vereador e seus familiares. Os acusados estão recolhidos em unidades do Sistema Penitenciário do Estado.

JOSÉ MARIA SILVA, O "NEGUINHO DO COCO"

A operação denominada "Açaí" foi deflagrada na manhã de hoje para dar cumprimento a mandados de prisão preventiva e mandados de busca domiciliar nas residências dos investigados. Conforme as apurações, o preso José Maria da Costa Silva, de apelido "Neguinho do Coco", é comerciante e vereador da cidade. Ele é considerado o responsável por arquitetar e mandar executar a primeira tentativa de homicídio sofrido por Antônio Ronaldo Rocha dos Reis. A vítima alega que é um “arquivo vivo”, uma fonte de sabedoria que poderia revelar toda a cadeia de crimes em que se encontra envolvido o acusado, como roubos de carga. Assim, conforme denúncias, ele contratou pistoleiros para assassiná-lo. Foram duas tentativas de morte sofridas por Reis.

LUCIVALDO NASCIMENTO, O "LÚCIO"

Na primeira tentativa, em 26 de julho de 2009, a vítima estava na frente da casa da namorada, por volta de 20h, quando parou no local um veículo. Do interior dele, surgiram dois homens que, apontando armas de fogo, afirmaram: “Não corre vagabundo que é da polícia”. A vítima, no entanto, correu. Foi, então, que os três homens desceram do veículo e efetuaram vários disparos contra a vítima, atingindo-a no ombro esquerdo. "Neguinho do Coco" e Evaldo foram responsáveis também pelo plano de matar a vítima durante o carnaval deste ano, porém não deu certo. O preço pela morte da vítima era de R$ 3.500. Já Daniel Sousa Ribeiro, conhecido por "Ceará", e Edson Sousa Ribeiro, de apelido "Ipixuna", irmãos, foram contratados por Evaldo para assassinar Antônio Ronaldo, na segunda tentativa de matá-lo.

MARCOS ROGÉRIO DE ABREU, O "NENCA"

Em 15 de agosto de 2009, a vítima estava no quintal de sua casa, por volta de 10h, quando um veículo Corsa Sedan, de cor preta, parou em frente ao local. Os acusados desceram do veículo, arrombaram a porta da frente da casa e entraram na residência. Nesse momento, a vítima conseguiu escapar pelos quintais dos vizinhos e viajou para a cidade de Paragominas. Antônio Evaldo Pereira Fausto esta preso por participação no roubo da agência do Banpará da cidade de Garrafão do Norte no início deste ano. Evaldo era quem intermediava a contratação dos pistoleiros com "Neguinho do Coco". Ele era quem ficava monitorando os passos da vítima. Foi responsável em contratar os pistoleiros para as duas últimas tentativas de homicídio contra Antônio.

MISTERLANI MACHADO, O "ERNANDE" OU "NANI" JANUÁRIO SALDANHA, O "NETO"

Durante a investigação, descobriu-se que Evaldo havia contratado Edson e Daniel, para matarem a vítima. Logo, sob orientação de "Neguinho do Coco", um novo plano foi colocado em prática para, desta vez, matar Antônio. Daniel foi novamente chamado para fazer o "serviço", mas, sob alegação de que não poderia, fez com que Evaldo contrasse outro pistoleiro.

EMANOEL SILVA, O "JÚNIOR DO CARTÓRIO"

EDSON RIBEIRO, O "IPIXUNA"

Lucivaldo Bruno do Nascimento, conhecido como "Lúcio", era quem mantinha contato com Evaldo para repassar informações sobre onde e com quem estava Antônio. Também estava ciente do plano para matá-lo. A atuação dele era a de monitorar a vítima. "Lúcio" também é suspeito de intermediar a terceira tentativa de homicídio sofrida por Antônio Ronaldo, a mando de "Neguinho do Coco", na qual teria repassado para outro comparsa conhecido como "Nenca" a quantia de R$ 3 mil pela morte dele. Outro acusado é Januário Neto Saldanha, conhecido por "Neto".

DANIEL RIBEIRO, O "CEARÁ"

Ele é filho da vereadora da cidade Socorro Saldanha, além de também ser acusado de monitorar a vítima por ordem de Evaldo. Foi ele que forneceu a arma do crime na tentativa de homicídio contra a vítima. "Neto" também forneceu as munições utilizadas em um roubo que ocorreu no "Mercadinho do Salviano", um comércio localizado no quilômetro 48, da rodovia, em Santa Luzia do Pará.

ANTÔNIO EVALDO FAUSTO

Marcos Rogério Barbosa de Abreu, conhecido por "Nenca", atua como pistoleiro na região. Ele é morador da cidade e considerado de alta periculosidade. Foi reconhecido pela vítima. Em 13 de março deste ano, Antônio caminhava por uma rua da cidade, onde o acusado surgiu em uma motocicleta e desferiu vários disparos contra a vítima, atingindo-a nas costas e no braço. A vítima foi socorrida sob risco grave de vida, mas não morreu. "Nenca" também figura como autor de um homicídio ocorrido no dia 07 de abril deste ano, às 20h15. A vítima, conhecida por Andrei, estava em frente da casa de um amigo. "Nenca" apareceu e fez vários disparos contra a vítima que não teve reação e morreu na hora. Misterlani da Silva Machado, de apelido "Ernande ou Nande", também conhecido ladrão que atua na cidade e região, deu apoio na fuga de "Nenca", após ter cometido o homicídio. Já Geovani Juscelino Lopes, de apelido "Bola", está foragido. Ele é comerciante e foi quem agenciou o homicídio de Andrei, ao contratar "Nenca" e Ernande para o serviço.

IVANILDO SANTOS, O "NEGÃO DA ROSA"

Pela fuga dada a Ernande, recebeu a quantia de R$ 100, enquanto que, pela execução, "Bola" e "Nenca" receberam R$ 1.600. O suspeito não foi preso, porque, há dois dias, havia vendido o bar do qual era proprietário e foi embora da cidade. Os policiais também identificaram no bando, Ivanildo Soares Santos, conhecido por "Negão da Rosa" (foragido), outro indivíduo de alta periculosidade, que está envolvido em inúmeros roubos nas estradas, onde são abordados ônibus intermunicipais e interestaduais que trafegam nas rodovias da região. Também é acusado de tentativas de roubos em caminhões que abastecem o comércio de Santa Luzia do Pará. Um roubo que foi consumado pelo suspeito foi ao "Mercadinho do Salviano", em que, juntamente com outros dois indivíduos, roubaram dinheiro, cartões de recarga de celulares e maços de cigarros, bem como, ainda ameaçaram de morte as vítimas caso elas denunciassem à polícia. "Negão da Rosa" fugiu da cidade, enquanto que "Nenca" e outro assaltante conhecido por "Vani", roubaram um outro comércio da cidade. O fato foi apurado em um outro inquérito. Emanoel Júnior da Silva, conhecido por "Júnior do Cartório", tem ligação com "Neto" e Lúcio. Ele compra e revende armas de fogo, através dos dois acusados, e mantém certa amizade com "Neto", chegando às vezes a ser interpretada como sociedade, no que diz respeito ao comércio de armas de fogo.

GEOVANI LOPES, O "BOLA"

Por várias vezes, "Junior do Cartório" emprestou arma para Negão, Nenca, Bola e Neto, bem como, comprou armas de outras pessoas que lhes oferecem. "Exatamente, por terem sido levantados esses fatos na investigação, foi solicitado mandado de busca domiciliar na residência, o que foi cumprido", explica Rilmar. No ato da busca, foi encontrado na residência um revólver calibre 38 com 5 munições intactas, bem como, 4 munições intactas de calibre 380. Segundo as investigações, "Junior do Cartório" possui uma pistola semi-automática calibre 380, mas ela não foi encontrada. A polícia acredita que a arma teria sido emprestada a alguém, uma vez que esta prática é corriqueira entre os investigados. "Junior" foi conduzido para a sede da Polícia Civil em Capanema para ser autuado em flagrante delito. Com exceção de Edson e Daniel, que foram presos em Capanema onde residem, os outros investigados foram presos em Santa Luzia do Pará. Logo após a prisão, todos os presos foram encaminhados ao Complexo Penitenciário de Americano, em Santa Izabel do Pará.