DELEGADO GARANTE NÃO HAVER RELAÇÃO ENTRE CRIMES EM NOVA IPIXUNA
“Não há qualquer relação entre as mortes do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro Silva e Maria do Espírito Santo Silva e a do agricultor Eremilton Pereira dos Santos, em Nova Ipixuna”, afirmou o delegado geral adjunto da Polícia Civil, Rilmar Firmino de Sousa, na entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira (30), na sede da Superintendência Regional do Sudeste Paraense, no município de Marabá. O objetivo foi prestar esclarecimentos sobre os dois inquéritos instaurados para apurar os assassinatos.
Um deles, sem tirar o capacete nem levantar a viseira peliculada, teria lhe pedido informações sobre a região. Depois, os dois seguiram viagem. “A testemunha deixou claro que ouviu a informação sobre os motoqueiros de outro agricultor. Então, se os motoqueiros tivessem de matar alguém deveria ser o outro agricultor com quem conversaram na estrada, o que não ocorreu”, argumentou o delegado geral adjunto. “Para nós, é até uma falta de responsabilidade colocar palavras na boca da testemunha. Quem pode afirmar que os motoqueiros mataram o casal?”, questionou Rilmar Firmino de Sousa, ressaltando que o objetivo da Polícia Civil é esclarecer os homicídios.
O delegado disse que, no inquérito instaurado para apurar a morte do casal, foram realizados, por peritos do Centro de Perícias Científicas de Marabá, o levantamento no local do crime, a necropsia – que identifica oficialmente a causa das mortes - e o georreferenciamento, que mapeou a área. A perícia no local do crime e o georreferenciamento também foram realizados no caso da morte do agricultor. O corpo de Eremilton foi necropsiado no domingo (29) no Centro de Perícias Científicas de Marabá. A Polícia Civil, agora, aguarda o laudo.
DIFICULDADES Ao avaliar como “complexas” as duas investigações, Rilmar Firmino ressaltou que há pontos que dificultam o trabalho policial. “Não há testemunhas oculares”, frisou. Sobre as mortes do casal, o delegado informou que a dificuldade maior é que a casa mais próxima do local do crime fica a 200 metros. “O morador mais próximo do local disse ter ouvido quatro disparos, mas não ouviu barulho de moto”, disse. Para ele, não importa o tempo de duração do inquérito, desde que cada caso seja esclarecido totalmente. “O importante é que, no final das investigações, cheguemos aos autores da mortes dos ambientalistas”, acrescentou.
Atualmente, segundo o delegado geral adjunto, há três linhas de investigação seguidas no inquérito da morte do casal, mas, para não prejudicar as investigações, prefere não divulgar detalhes. “Investigamos fatos e quem teria interesse em matar o casal”, informou. Até o momento, 10 pessoas já foram ouvidas em depoimento no inquérito da morte dos extrativistas. Já no inquérito que apura a morte de Eremilton, cinco pessoas prestaram depoimentos em Nova Ipixuna. Segundo o delegado Silvio Maués, a área do assentamento Praialta-Piranheira não registrava tensões no início de 2000, quando a localidade passou por um processo de desapropriação. O último homicídio registrado na região, antes dos três recentes, foi em 2009, envolvendo um posseiro.
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