RETRATO FALADO É FERRAMENTA FUNDAMENTAL PARA INVESTIGAÇÃO
Imagine formar o rosto de uma pessoa que você nunca viu como se fosse um quebra-cabeça com cinco mil peças que podem definir rostos, narizes, bocas e queixos. Impossível? Não para os papiloscopistas que fazem o retrato falado e trabalham na Diretoria de Identificação "Enéas Martins" - DIDEM, órgão da Polícia Civil que atua na área da identificação papiloscópica. O retrato falado tem sido uma ferramenta poderosa no combate ao crime. “Ele é muitas vezes o ponto de partida para as investigações de delitos cuja autoria é desconhecida”, explica Raimundo Farias, chefe do setor de retrato falado da DIDEM.
CONFECÇÃO DE RETRATO FALADO |
Um exemplo é o caso do técnico em Informática Joelson de Sousa, cujo corpo foi encontrado esquartejado em um motel no município de Ananindeua, no último dia 10 de julho. O caso ganhou novas proporções após a divulgação do retrato falado de uma mulher acusada de envolvimento no crime. Divulgado em um programa de televisão, o retato falado da mulher conhecida apenas como "Nathália" foi reconhecido por um parente da vítima como sendo o de uma suposta namorada virtual de Joelson. A polícia que antes não tinha nenhuma informação sobre quem teria cometido o brutal assassinato, agora já sabe que se trata de uma mulher aparentando entre 38 e 43 anos, de pele clara, olhos pequenos e cabelos na altura dos ombros com algumas mechas loiras.
Vale ressaltar que o retrato falado tem um percentual de 70% de semelhança com a imagem real da pessoa. “Tudo depende de como a vítima ou o informante descreve o suspeito”, ressalta Farias. No caso das testemunhas que descreveram a suspeita do assassinato, foi levado em consideração o nervosismo e o horário em que a suspeita foi vista, entre outras coisas. Ele explica, ainda, que por conta das condições psicológicas da vítima ou do informante, o trabalho do papiloscopista deve ser divido em etapas.
A primeira etapa é a sondagem. “Fazemos algumas perguntas antes de ir para a montagem das peças. Se nessa etapa nós percebemos que a pessoa não está em condições de descrever o suspeito, o desenho não chega a ser feito”. Caso contrário, o próximo passo é ir para a montagem do rosto da pessoa através de peças que ficam disponíveis no Photo Fit, um banco de dados com partes de imagens, traços e características de diferentes pessoas, igual a um quebra-cabeça. As peças são montadas até formar um rosto parecido com a descrição passada pela testemunha.
TECNOLOGIA Antigamente o retrato era feito manualmente. Hoje, geralmente, eles são feitos no computador com uma precisão tão boa que pode chegar a parecer uma fotografia. “Hoje, o recurso foi aliado ao avanço tecnológico para chegar a um resultado cada vez mais eficiente. Temos programas modernos que facilitam nosso trabalho”, afirma Farias. Segundo ele, um retrato falado leva entre uma hora e uma hora e meia para ficar pronto. Antes, quando era feito manualmente, chegava a demorar cerca de 4 horas.
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RETRATOS FALADOS |
No entanto, só a tecnologia de ponta não garante um resultado mais preciso. “Quando a vítima não tem uma boa memorização fica tudo mais complicado”. Mesmo assim o papiloscopista afirma que o retrato falado é uma ferramenta essencial para o trabalho da polícia. “Por dia, fazemos uma média de 4 a 5 retratos falados e em quase 90% dos casos, eles ajudam a polícia a elucidar os crimes”, finaliza.
CASOS INVESTIGADOS COM APOIO DO RETRATO-FALADO
* Em 2005 o instrutor de informática Marcelo Lutier Gomes Sampaio, de 33 anos, foi condenado pelo estupro e morte, por estrangulamento, da adolescente Bruna Leite Sena, de 15 anos. No decorrer da investigação policial, Marcelo, tentou despistar a Polícia. Criou um personagem “Anjo Vingador”, que repassava informações falsas do crime que tinha praticado. O retrato falado do acusado foi refeito cinco vezes pela polícia. Em 6 de outubro de 2005, Marcelo foi preso, após um intenso e minucioso trabalho policial. Desde então está na cadeia.
* No caso de um assalto a banco em Canaã dos Carajás, poucos dias após o retrato falado de dois dos integrantes da quadrilha que assaltou a agência ter sido divulgado, a Polícia Civil conseguiu prender os acusados.
* A Polícia Civil do Pará já divulgou o retrato falado de dois suspeitos de assassinar, em uma emboscada, o casal de extrativistas José Cláudio Silva e Maria do Espírito Santo Silva, em Nova Ipixuna. As investigações continuam e os retratos divulgados têm contribuído bastante para o trabalho da polícia.
COM INFORMAÇÕES DA SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO DO GOVERNO DO PARÁ
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