ESTELIONATÁRIOS REINVENTAM GOLPES
A Delegacia de Repressão a Crimes Tecnológicos (DRCT), vinculada à Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), instaurou 34 procedimentos envolvendo golpes cometidos por criminosos que usam equipamentos modernos, técnicas engenhosas e a Internet para tirar proveito das vítimas. Somente na DRCT foram contabilizadas cerca de 200 vítimas de estelionato moderno até o momento. Embora a polícia admita que o risco de cair em golpes virtuais é grande, alguns cuidados simples podem ajudar a escapar das embocadas. O delegado Felipe Pinheiro, da DRCT, afirma que a polícia está atenta principalmente ao uso do "chupa-cabra", aparelho usado por quadrilhas especializadas para copiar dados de cartão de crédito e débito.
Recentemente, um dos integrantes de um bando especializado na instalação dos "chupa-cabra" foi preso em Belém. A maioria dos integrantes do grupo é de Fortaleza. Com o acusado, Waldeney Alves Cavalcante, detido no dia 16 de novembro, foram encontrados cerca de 70 cartões de crédito clonados e um "Card Skiming", equipamento usado para o roubo de informações. Felipe explica que a máquina, originalmente destinada à produção de cartões para lojas, é facilmente comprada pela Internet e que é justamente essa facilidade que permite que os criminosos transformem o equipamento em aparelho de clonagem. O delegado destaca que a fraude é cometida por um grupo numeroso de estelionatários, todos muito bem organizados.
Essa reinvenção do crime de estelionato, viabilizado pela Internet, preocupa a polícia pela frequência com que ocorrem o roubo de senhas e a invasão de contas bancárias. Outra preocupação é a falta de informação ou mesmo de cuidado com que muitos usuários acessam a Internet para fazer movimentações bancárias. "Embora seja um crime rotineiro e já conhecido por quem costuma usar sites para acessar dados bancários, ainda impressiona o número de pessoas que são vítimas da fraude. A Internet é uma ferramenta muito útil, mas o usuário tem que ter cuidado", diz Felipe Pinheiro.
AÇÃO O golpe exige um arranjo engenhoso. Além da montagem do equipamento por um técnico em eletrônica, ainda é necessário que o aparelho seja instalado nos terminais eletrônicos dos bancos. Também é necessário que micro-câmeras sejam instaladas nos caixas, já que são elas as responsáveis por registrar a senha dos clientes. Pela Internet, o roubo das senhas é feito por meio de mensagens via correio eletrônico. Ao abrir o conteúdo dos emails, um vírus se instala no computador da vítima e as informações digitadas passam a ser monitoradas e copiadas.
Felipe diz que crimes como este podem ser evitados se os usuários atentarem para pequenos cuidados. De acordo com o policial, basta que o usuário evite abrir e-mails guardados na caixa de spam ou mensagens de desconhecidos. Nos caixas de autoatendimento, é importante que o usuário suspeite de qualquer equipamento fora do padrão instalado no terminal. "Não é preciso grandes conhecimentos apenas manter-se atento às tentativas de fraude, tanto físicas quanto virtuais", orienta.
Facilidades atraem, mas podem custar caro para o consumidor
Na Delegacia do Consumidor (Decon), ligada à Divisão de Investigações e Operações Especiais (Dioe) da Polícia Civil, há registro de golpes que não envolvem tecnologia, mas são versões novas de velhos delitos. De acordo com a diretora da Decon, Rosamalena Abreu, os crimes de estelionato mais comuns estão ligados as "compras premiadas", aos empréstimos consignados, ao exercício ilegal de profissão, falsificação de documentos e atestados médicos, venda de plano de saúde sem autorização e vendas programadas. Golpes antigos que receberam nova roupagem.
A delegada estima que as ocorrências envolvendo consumidores vítimas de estelionatários cheguem a 120 casos este ano. Rosamalena explica que a fraude vem crescendo no Estado e que hoje a Decon recebe em média 10 novas vítimas todos os meses. A delegada afirma também que não é possível calcular o prejuízo das famílias enganadas pelos criminosos, mas cita o exemplo de um caso recente em que apenas uma pessoa perdeu mais de R$ 500 mil. Nas 18 Promotorias Criminais do Ministério Público do Estado o estelionato aparece entre as principais denúncias levadas à Justiça. Este ano, foram registradas 288 ações. (FONTE - JORNAL AMAZÔNIA)
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