POLICIAIS MILITARES FEMININAS DOAM CABELOS PARA VÍTIMAS DE ESCALPELAMENTO

As soldados da Polícia Militar do Pará, Darilene Monteiro e Ariane do Socorro, ambas alunas do II Curso de Operações Fluviais da Polícia Militar, tomaram uma decisão surpreendente. As policiais, ao perceberem que seus cabelos poderiam atrapalhar na adaptação ao curso, tanto na parte técnica quanto na tática, pois têm cabelos grandes, resolveram cortá-los e como não gostariam de os vender, resolveram fazer uma boa ação e doá-los a quem precisa. Por sugestão de alguns amigos, em um primeiro momento, as militares pensaram em doá-los para mulheres que perderam seus cabelos em razão de tratamento contra o câncer, mas perceberam que após essa fase, os cabelos poderiam crescer novamente. 


Em uma conversa com o marido da soldado Darilene, este lembrou dos projetos que ajudavam mulheres ribeirinhas que tinham sofrido escalpelamento, acidente comum na região amazônica, cortada por rios e cursos d’água diversos, quando a falta de proteção do eixo dos motores das embarcações acaba por permitir que cabelos grandes e soltos sejam presos no motor dos barcos e assim acabem arrancando com muita violência não somente os cabelos mas até parte do couro cabeludo de muitas mulheres, causando traumas psicológicos, baixa autoestima além do dano físico, muitas vezes irreversível e até mesmo causando a morte. 

Com essa ideia e a vontade de fazer o bem, as militares decidiram então saber mais sobre o atendimento às vítimas de escalpelamento e assim conheceram o projeto "Espaço Acolher", que integra o Programa de Atenção Integral à Vítimas de Escalpelamento (Paives), da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. Na sede do programa, as soldados se depararam com mulheres que tinham perdido seus cabelos em acidentes nos rios e que ainda estavam em fase de cicatrização de seus ferimentos; ainda abaladas psicologicamente e sofrendo com a aversão à própria imagem. De forma solidária, as militares decidiram ir a um salão de beleza e cortar seus longos cabelos, entregando-os para a doação. 

Segundo a soldado Darilene, que ficou emocionada em fazer essa boa ação, a sensação era de sentir “amenizando a dor daquelas mulheres"; sentimento que também tomou conta da soldado Socorro que afirmou “sentir-se mais leve e com mais força para suportar a carga do curso”. “Foi mais um incentivo para nós, pois teremos menos uma preocupação além de abrirmos mão de certas vaidades para ajudar quem precisa, fazendo o bem ao mesmo tempo, além de nos aproximarmos da realidade das mulheres ribeirinhas com quem iremos trabalhar." O escalpelamento ainda é um grande desafio nos rios e cursos d’água paraenses. 

Em razão disto, a Capitania dos Portos, da Marinha do Brasil, faz a doação da proteção do eixo do motor para as embarcações; porém, como lembrou as soldados, nem todos os ribeirinhos tem esse conhecimento e às vezes, é muito longe para eles virem buscar essa ajuda”. Em 2014, 18 casos de escapelamento chegaram aos cuidados do Espaço Acolher, por isso, o ato das militares é um grande incentivo a quem sofreu este tipo de trauma, para erguer-se e ir em frente, testemunhando o quanto é importante fazer o bem.

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