ARTIGO: "UM SOPRO DE ESPERANÇA", POR ARMANDO MOURÃO *
Há alguns dias, uma senhora nos buscou e abriu seu coração de mãe e avó. Ela estava preocupada com a crueldade praticada por jovens neste município de Ananindeua, na Grande Belém. Solicitou que nos manifestássemos publicamente a respeito do assunto. Talvez, dessa forma, haja um sopro de esperança destinada a conter essa onda de violência e o descaso para com a vida dos semelhantes, desabafou. Sem a pretensão de apresentar uma fórmula capaz de solucionar o problema grave por que passa grande parte dos nossos jovens, prometemos expor algumas ideias dos espíritos superiores que sabem mais do que imaginamos os dramas por que passamos na face da Terra.
Elucidam que há possibilidades diversas para que tal situação se apresente. Uma delas está justamente no espírito reencarnado, ou seja, no espírito que anima o corpo do nosso filho problema, que traz a própria bagagem infeliz de vidas anteriores. Esse filho, mesmo tendo, por parte dos pais, os melhores exemplos de vida digna, de honestidade e grandeza no esforço do bem, não se interessará pela honradez ou probidade de seus pais. Ainda assim, cabe aos pais o esforço por continuar exemplificando o bem, ainda que pareça inútil na certeza de que um dia despertarão para uma realidade melhor.
Outra possibilidade é a da demissão dos pais, enquanto educadores de seus filhos. Pais que largam os filhos "ao Deus dará", sem se preocupar com o que fazem desde a infância, crescendo e se desenvolvendo com as informações variadas que lhes chegam por diversos meios, sem que alguém lhes oriente sobre o que é certo ou errado. Filhos que passam boa parte da infância e adolescência em frente à televisão, assistindo a desenhos animados de crueldade, violência e brutalidade. Outros que consomem boa parte do tempo manejando os "joysticks" dos videogames, utilizando fitas alugadas pelos próprios pais, que não se preocupam, sequer, em observar com que tipo de jogos - ou até filmes pornô - os filhos se divertem.
Dia desses em visita a amigos, observávamos dois garotos brincando na rua de um condomínio fechado, onde, supostamente não deveria haver perigo decorrente do rigor no acesso. Todavia tal nossa surpresa quando um dos garotinhos, de apenas oito anos de idade, sacou do bolso um canivete e ameaçou o amiguinho, só porque este ajuntou do chão um papel de bala que ele desejava para si. Ao perceber a possibilidade de alguém sair ferido, fomos até a portaria e avisamos a um dos porteiros que o garoto estava com o canivete. Este nos disse, para maior surpresa ainda, que ele já havia falado com a mãe do menino, e esta lhe dissera que sabia, pois fora ela mesma que lhe presenteara com a arma.
Podemos imaginar, pela tendência do garoto, o que ele fará com mais uns anos de idade. Essa mãe tem grandes possibilidades de vir a amargar mais tarde as consequências de sua indiferença com relação às atitudes do filho. Trata-se de assunto de alta complexidade e não será possível ser contido apenas com a ação policial. A família tem a maior responsabilidade. Faça seu filho chorar hoje para não fazê-lo por ele amanhã quando vê-lo preso ou sobre uma pedra fria do Instituto Médico Legal.
* ARMANDO MOURÃO É DELEGADO DA POLÍCIA CIVIL DO PARÁ E DIRETOR DA SECCIONAL URBANA DE POLÍCIA CIVIL NA CIDADE DE ANANINDEUA, NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM (PA).
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