UNIDADE INTEGRADA PRÓ-PAZ DEVOLVE TRANQUILIDADE À TERRA FIRME

Por César Modesto *

No ranking dos bairros mais perigosos de Belém há décadas, a Terra Firme vem vivendo um período de redenção desde a instalação da Unidade Integrada Pró-Paz (UIPP). Inaugurada no dia 6 de dezembro do ano passado. Quem mora ou frequenta o bairro, aprova a ação do Estado e do Sistema de Segurança Pública, afirmando que já é possível sentir as diferenças no cotidiano, uma sensação de segurança que até então parecia impossível. O mototaxista Rogério da Silva, de 57 anos, é morador do município de Benevides e trabalha na Terra Firme desde a implantação da UIPP. Segundo ele, a simples presença da unidade fornece segurança e confiança para circular nas imediações do bairro. "Esta é a primeira vez que trabalho em ponto fixo aqui na Terra Firme, a convite de colegas. Para ser sincero, fui resistente, pois todos nós sabemos que aqui é um bairro perigoso. Mas agora, com esta unidade, dá para trabalhar mais sossegado e menos temeroso", comentou o mototaxista.
Eunice Pinto/ Ag. Pará
UNIDADE INTEGRADA PRÓ-PAZ NA TERRA FIRME
O ponto de mototáxi fica ao lado da UIPP e Rógerio afirma que não pretende deixar o local tão cedo. "Algumas ruas não permitem o acesso de carros, só entram motos. Também são poucos os ônibus que circulam no bairro, o que é uma carência para que mora mais afastado das ruas principais. Estou tendo um lucro razoável", complementou. Nas ruas é possível perceber pessoas sentadas à beira dos pátios ou mesmo do lado de fora de suas casas, o que, segundo alguns moradores, cena incomum até pouco tempo atrás. Muitos estabelecimentos comerciais ainda funcionam com grades fechadas, o que os proprietários e trabalhadores afirmam evitar ou reduzir a quantidade de assaltos. "Olha, estou percebendo mais viaturas e motocicletas circulando aqui no bairro sim, o que é bom tanto para as vendas quanto para os clientes. Sinceramente, estou gostando do trabalho da polícia e espero que continue assim", ressaltou o comerciante Antônio Silva, de 49 anos.

Morador da Terra Firme desde que nasceu, Henrique Gadelha, de 21 anos, destaca que a vida no bairro tem melhorado bastante nos últimos meses. Segundo ele, o que é mais sensível para os moradores é a redução no número de assaltos, crime que Henrique assistia da janela de casa ao longo do dia. "Alguns taxistas e mototaxistas não entravam em determinadas ruas e vilas, pois tinham medo de serem assaltados. A própria população da Terra Firme tem medo, pois a criminalidade sempre foi algo muito presente. Acredito que muitos moradores estão contentes com esta novidade (implantação da UIPP) e torço para que dê muito certo e que seja ampliada para outras áreas da cidade", avaliou Henrique.

Eunice Pinto/ Ag. Pará
DELEGADA TANIA NASCIMENTO
REDUÇÃO DA CRIMINALIDADE O bairro da Terra Firme vem apresentando queda significativa no índice da criminalidade, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), conforme destaca o coordenador da Polícia Militar na UIPP, major Sandro Queiroz. Ainda segundo o oficial, a redução da criminalidade no bairro é de cerca de 50%, fruto de um trabalho integrado entre os órgãos que compõe o Sistema de Segurança Pública e o judiciário do Estado. "A UIPP veio para complementar. Roubos, homicídios e lesão corporal, com destaque para violência doméstica, sempre foram os crimes mais praticados dentro da Terra Firme e justamente os mais combatidos. Este momento pode ser considerado uma mudança de comportamento da população, que tem nos ajudado a desempenhar uma função muito importante, que é a de coibir crimes", considerou o major Queiroz.

Para o coordenador, a realidade ainda está longe do ideal. "O ideal é zerar os índices", afirma. No entanto, um dos principais objetivos da UIPP está sendo firmado gradativamente: o resgate da credibilidade e da confiança junto à população em relação à polícia. Em relação à Polícia Militar, a unidade dispõe hoje de 10 viaturas, oito motocicletas e 39 policiais comunitários e de ronda ostensiva à pé. No total, são cerca de 40 policiais por plantão, sendo 180 policiais militares ao longo do bairro e 60 policiais civis destacados na UIPP. Também são oferecidos e reunidos os serviços da Defensoria Pública do Estado, Corpo de Bombeiros Militar e do programa Pro Paz, o que inclui assistência psicossocial.

CONFIANÇA Para Maria Teixeira, de 61 anos, a UIPP no bairro da Terra Firme tem contribuído para os moradores estreitaram mais os laços com a polícia e demais órgãos que atuam na unidade. "Há muito tempo necessitávamos deste espaço, uma referência para os moradores", pontuou. De acordo com a delegada Tania Nascimento, a perspectiva da UIPP é atuar 80% na prevenção e 20% na repressão. Anteriormente, o atendimento prestado para a população era realizado até às 18 horas, contudo, desde a implantação da UIPP, o atendimento é feito 24 horas, possibilitando mais celeridade e eficiência nos processos.

Por parte da Polícia Militar, a unidade oferece o Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), cujo objetivo é a prevenção entre crianças e adolescentes no contato com entorpecentes. Outro projeto é a Escola Vida, desenvolvida pelo Corpo de Bombeiros, no qual o público jovem participa de aulas e atividades socioeducativas que abrangem temas como drogas, educação social, preservação ambiental, segurança no lar, direitos e deveres da criança e do adolescente, dentre outros.

NATAL SEM HOMICÍDIOS Um dos balanços que podem ser considerados positivos desde a implantação da UIPP foi a noite de Natal em que nenhum homicídio foi registrado. Assim como o major Queiroz, a coordenadora da Polícia Civil na unidade, delegada Tania Nascimento, acredita que a ausência de crimes violentos neste período pode ser atribuída à integração dos órgãos competentes e ao combate ao tráfico de entorpecentes, responsável direto e indireto pela maioria dos crimes que acometem a Terra Firme. Ainda segundo a delegada, o segundo lugar em ocorrências registradas na UIPP é ocupado pela violência doméstica. Este tipo de ocorrência, inclusive, está intimamente relacionado ao consumo de álcool, o que tem provocado maior atenção em relação ao funcionamento de bares e casas noturnas do bairro.

'Durante os finais de semana muitos homens se reúnem para beber e muitos deles voltam agressivos para suas casas, onde acabam violentando mulheres e filhos', acrescenta o major Queiroz. Esta ação faz parte da polícia comunitária, um conceito que vem sendo desenvolvido pela Polícia Militar, com base em experiências bem-sucedidas em outros estados e países. Pelo menos 90% do efetivo que atua na Terra Firme é capacitada no curso de promoção de polícia comunitária e habilitada para o uso moderado e progressivo da força, ainda segundo o oficial. O curso tem como objetivo conscientizar o agente em relação o papel da polícia e a importância no ganho da confiança e respeito por parte da população.

* FONTE JORNAL AMAZÔNIA

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