ARTIGO DO DIA: "DETRAN, DE NOVO!"

POR ARMANDO MOURÃO*

Descobrir esquemas fraudulentos patrocinados por quadrilhas no DETRAN é notícia já antes lida em todos os jornais brasileiros, mas, chama a atenção o recente, no caso do Pará, amplamente combatido, através de um bem planejado esforço concentrado entre as forças de segurança do Estado e executado com total sucesso, culminando com a prisão de dezenas de servidores daquele órgão, todos comprovadamente bandoleiros. A corrupção ora destroçada pela Polícia Civil ombreada pelo Ministério Público Estadual expõe as escancaras relações entre servidores públicos, despachantes e proprietários de veículos em todo o Brasil. Não existe ninguém santo nessa história, certamente. 

Surpreende, no entanto, que tenha aparecido um novo escândalo nessa área, logo em terras paraenses após tantos anos de vigência e bom funcionamento do programa “Poupatempo”, alias umas das boas contribuições do falecido governador Mário Covas, em 1996. Antes das facilidades trazidas pela internet, toda a vizinhança do antigo prédio do DETRAN paraense, no centro da cidade, em plena na Avenida Santo Antônio reclamava do cenário de corrupção explícita que ali abertamente ocorria, com aproveitadores abordando condutores dos veículos que se aproximavam para colocar em dia sua documentação. Não era nenhum exagero dizer que se sentia no ar o odor fétido da corrupção. 

FRAUDES NO DETRAN
Nos corredores, nas filas e até nos banheiros do antigo prédio do DETRAN multiplicavam-se os atos da cumplicidade inescrupulosa entre servidores públicos, despachantes e interessados diversos. Aquele tempo, ilusoriamente imaginava-se superado. Ledo engano. Percebe-se nos dias de hoje vestígios de uma galopante corrupção, fato que determinou a sociedade civil organizada deflagrar esta bem sucedida incursão policial no sentido de fulminar de morte o “propinoduto” instalado no DETRAN, mesmos em novas e modernas instalações. 

Ali uma indiscriminada promiscuidade entre servidores e usuários ocorria de várias formas, à luz do dia, oportunizando incalculáveis somas, mesmo que isso implicasse em habilitar idosos, portadores de deficiência física e até analfabetos. Um verdadeiro mar de lama, onde tudo se comprava e vendia. O ato “simples” do “molhar de mão” rendia alguns milhões de reais, tudo repartido entre os quadrilheiros, menor ou maior graduado. Nesse contexto de conchavo existe um personagem indispensável, relativamente oculto, mas, igualmente pernicioso representado pelo proprietário de veículo, este, absolutamente capaz de avaliar a diabólica trama, porem enredado na mesma com propósito beneficente. 

Trata-se na verdade de um membro efetivo da quadrilha que deve responder na mesma proporção. Assim sendo, após anos e anos sediando atos de absoluta deslealdade, oportunizando sua própria execração pública, condicionando ao Estado momentos de intendo desconforto popular, sugiro que o DETRAN seja reintegrado ao contexto policial, livre de conotações politicas, dirigido por Delegado de Polícia, como forma de reorganizá-lo, recuperar seu crédito junto à opinião pública, emprestando-lhe o nível de transparecia ansiado por todos. Afinal somos todos motoristas, portanto, na iminência desses malfeitores. 

* ARMANDO MOURÃO É DELEGADO DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO PARÁ E FORMANDO NO CURSO DE JORNALISMO.

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