LÍDER DE GRUPO DE TRAFICANTES RESPONSÁVEL POR TRÊS MORTES MORRE EM TROCA DE TIROS COM POLICIAIS CIVIS EM TOMÉ-AÇU

A Polícia Civil divulgou, nesta quinta-feira, 20, que o homem apontado como líder da associação criminosa responsável por três homicídios e uma tentativa de homicídio, crimes ligados ao tráfico de drogas, morreu após trocar tiros com policiais civis, na zona rural de Tomé-Açu, nordeste paraense. Charly da Silva Holanda estava com mandado de prisão decretado pela Justiça. Ele foi encontrado, na tarde da última terça-feira, em uma casa, na localidade de Quatro Bocas, onde estava escondido com a esposa, Liziane Cristina Weimer. Após ser baleado, ele foi levado ao Hospital Municipal, de onde era transferido ao Hospital Metropolitano, em Ananindeua, mas morreu a caminho da unidade de saúde. Na casa, três tabletes de óxi de cocaína, pesando no total, em torno de três quilos, foram apreendidos. A arma usada por Charly, um revólver calibre 38, foi apreendida. 

Liziane foi presa com drogas. No detalhe, foto de Charly
LIZIANE FOI PRESA POR TRÁFICO DE DROGAS, NO DETALHE, CHARLY HOLANDA
As investigações comandadas pelo delegado Marco Antônio Oliveira, da Divisão de Homicídios (DH), apontaram que Charly Holanda e Rayfran das Neves Sales foram os autores intelectuais das mortes das mortes de Leandro Kestring de Vargas e Joseane Noronha Santos, e de Evalso Fagundes da Silva, e da tentativa de homicídios de Luana de Cássia Castro e Silva, mulher de Evalso. Conforme o delegado Cláudio Galeno, diretor da DH, as investigações dos crimes não pararam desde o dia 5 de setembro deste ano, quando ocorreram os casos. Durante o trabalho, a equipe policial conseguiu localizar o paradeiro de Charly, na zona rural de Tomé-Açu. Com apoio de policiais civis do Grupo de Pronto-Emprego (GPE), grupo tático da Polícia Civil, a equipe da DH cercou a casa onde estava o acusado. 

Drogas e arma apreendidas
DROGAS E ARMA APREENDIDA
No momento da abordagem, ele saiu correndo de dentro do local, atirando em direção aos policiais. Na troca de tiros, ele acabou baleado. Dentro da casa, a esposa dele foi presa para responder por tráfico de drogas, já que drogas foram apreendidas no local. O preso foi socorrido, logo em seguida, até o Hospital Municipal de Tomé-Açu. Charly foi apontado, não apenas como o mentor das mortes, mas também teve participação direto nas execuções das vítimas e tentativa de morte de Luana, que sobreviveu, mas ficou paraplégica e cega de um dos olhos. As drogas apreendidas são ainda parte do carregamento de cerca de 50 quilos que era transportado em uma caminhonete na época dos fatos. As investigações continuam, segundo o delegado Marco Antonio, pois ainda há, pelo menos, duas pessoas envolvidas nos crimes. 

PRISÃO DE GRUPO A associação criminosa envolvida nos crimes foi apresentada, em 20 de setembro, na Divisão de Homicídios. Um dos presos é Rayfran das Neves Sales, 38 anos, condenado pela morte da missionária norte-americana Dorothy Stang, crime de repercussão internacional ocorrido em 2005, em Anapu, sudoeste do Pará. Ele estava, desde junho do ano passado, em prisão domiciliar determinada pela Justiça do Pará. Os demais presos foram Raimundo Fernando Ferreira Monteiro, conhecido como “Gordo” ou “Ritchie”; Osimar Lobato Rodrigues, 30 anos, e Luís Carlos do Carmo Lopes, 27. O delegado Marco Antônio Oliveira, responsável pelo inquérito, iniciou as investigações sobre os casos. 

LEANDRO KESTRING E JOSIANE: VÍTIMAS
Como as mortes de Leandro, Josiane e Evalso e a tentativa de morte de Luana ocorreram em locais e momentos diferentes, cada caso foi investigado em separado. Depois que foi estabelecida conexão entre os fatos, os inquéritos foram juntados. Durante as investigações, o delegado tomou depoimento da sobrevivente Luana de Cássia. A vítima recebeu dois tiros, um nas costas e outro de raspão no rosto. As investigações iniciaram após a comunicação, em 6 de setembro, do desaparecimento dos jovens Leandro e Josiane, que vieram de carro desde a cidade de Rurópolis, no oeste do Pará, com destino à Belém. 

Quatro dias após o início da viagem das vítimas, o pai de Leandro Vargas veio até a Delegacia de Pessoas Desaparecidas, situada na Divisão de Homicídios, em Belém, para registrar o boletim de ocorrência sobre o desaparecimento do filho. Ele foi ouvido pela delegada Maria Lúcia Santos, titular da Delegacia, a quem informou ter recebido uma mensagem enviada pelo filho via aplicativo de celulares WhatsApp, na noite de 5 de setembro, por volta de 23 horas. Nela, a vítima escreveu a seguinte mensagem: “Pai, se acontecer alguma coisa comigo, estou em companhia de Rayfran das Neves Sales”, citando o nome do pistoleiro que matou a missionária Dorothy Stang. A partir dessa informação, a equipe policial começou a fazer ligações entre o sumiço dos jovens e o ataque a tiros ao casal. 

Em depoimento, o pai de Leandro confirmou que o filho conhecia Evalso. Essas informações foram os pontos iniciais para fazer a conexão entre os dois casos. “As investigações mostraram que os crimes tinham relação com o tráfico internacional de cocaína”, destacou Galeno. O policial civil explica que Evalso e Luana eram intermediários no tráfico de uma carga de 50 quilos de cocaína que seria levada, inicialmente, da Bolívia até o Estado de Mato Grosso. Depois, a droga seria trazida para Belém. No último dia 5, o casal se encontrou com Rayfran, Luís Carlos e Raimundo Fernando, em Belém. Todos juntos seguiram em um carro alugado com destino à cidade de Tailândia, sudeste do Pará, por volta de 11 horas, para se encontrarem com Leandro Kestring para receber a droga. 

Para fazer a viagem, Luís Carlos chamou o comparsa, Osimar Rodrigues, com objetivo de alugar um carro. Por sua vez, Leandro foi contratado como “mula” por Rayfran e outros traficantes de drogas, de Belém, para receber no Estado de Mato Grosso o carregamento com a droga e leva-lo até a Vila Palmares, em Tailândia, onde a droga seria entregue ao casal Evalso e Luana, e aos demais. Raimundo Fernando, o “Gordo”, foi contratado como segurança dos traficantes. Na ocasião, Leandro convidou a amiga Josiane para acompanhá-lo durante a viagem feita no próprio carro dele. Porém, a caminho de Tailândia, por volta de 19 horas, na estrada da Alça Viária, Luís Carlos e os comparsas decidiram matar o casal. Evalso recebeu um tiro na cabeça dado por Luís Carlos. Já Luana foi atingida por dois disparos, mas não morreu porque se fingiu de morta. 

QUADRILHA PRESA. ENTRE ELES, RAYFRAN SALES (VERMELHO)
Depois, os criminosos resolveram abandonar o carro em um ramal perto da Alça Viária, pois o veículo ficou atolado no local. Após a fuga dos criminosos, Luana conseguiu pedir socorro na estrada e foi levada até o Hospital. Rayfran, Raimundo Fernando e Luís Carlos seguiram até Tailândia, onde se encontraram com o Leandro e Josiane. Foi nesse momento que Leandro enviou a mensagem ao pai, pois suspeitava que poderia ser morto. As vítimas foram levadas de carro até um ramal, na zona rural de Tomé-Açu, onde foram alvejados a tiros e depois tiveram os corpos abandonados no local. O carro de Leandro foi queimado. 

O corpo de Leandro, que era conhecido como Lourinho, foi encontrado, no domingo, dia 7, e o de Josiane no dia seguinte. Ambos estavam perto de um igarapé, na zona rural em Tomé-Açu. No dia seguinte, Luís Carlos procurou Osimar para lhe pedir que fizesse uma ocorrência falsa de assalto, alegando que o carro alugado teria sido roubado, o que foi feito por Osimar. Na segunda-feira, Luís Carlos e Rayfran pagaram R$ 260 a Osimar mais R$ 1,5 mil para que ficasse em silêncio, com a promessa de que lhe dariam mais dinheiro. Durante as investigações, Osimar foi chamado para prestar depoimento, no qual reafirmou que o carro alugado, encontrado no ramal da Alça Viária, teria sido roubado no bairro da Pedreira, em Belém. “Desde então, ele passou a figurar como suspeito de envolvimento no crime”, detalhou Claudio Galeno.

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