DELEGADO OUVE TRÊS DEPOIMENTOS SOBRE MORTE DE GESTANTE
O delegado Rogério Morais, da Delegacia de Ordem Administrativa (DOA), vinculada à Divisão de Investigações e Operações Especiais (DIOE), ouviu na manhã desta quarta-feira (09) mais três depoimentos no inquérito que apura denúncia de omissão de atendimento à grávida Vanessa Elaine Cruz, no Hospital do Pronto-Socorro Municipal do Guamá, em Belém. Foram ouvidas a médica Nádia Maria Cavalcante Albuquerque, a técnica em Enfermagem Sebastiana Canto Gomes e a auxiliar de serviços gerais Rosa Maria dos Santos Souza, que exercia a função de porteira do PSM. As três estavam de plantão no momento da chegada da gestante à unidade municipal de saúde pública, na madrugada de 14 de outubro passado.
Vanessa Elaine foi socorrida por uma guarnição da Polícia Militar, de plantão na Seccional Urbana da Cremação, após aguardar pela ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A paciente foi levada ao PSM do Guamá, mas teve o atendimento recusado por funcionários do local. Os policiais militares levaram a gestante, junto com o companheiro, na viatura para a Santa Casa de Misericórdia do Pará, onde Vanessa foi atendida, mas acabou falecendo. Ela estava grávida de cinco meses.
Nos depoimentos, a médica e a técnica em Enfermagem afirmaram não ter sido informadas sobre a paciente grávida no momento em que os policiais militares a conduziram à unidade de saúde. Elas alegaram que somente após a saída dos policiais do PSM do Guamá souberam que a paciente estava grávida. A médica afirmou que, ao tomar conhecimento do fato pela auxiliar de serviços gerais, foi até a portaria mas os PMs já haviam ido embora.
Rosa Maria relatou ao delegado que estava de plantão no PSM do Guamá e presenciou a chegada da viatura da Polícia Militar, na qual estava Vanessa Elaine. A porteira explicou que, ao saber que a paciente estava grávida, sugeriu aos PMs que “seria melhor levá-la à Santa Casa de Misericórdia”. Ainda segundo Rosa Maria, como os policiais militares insistiram para que a paciente fosse atendida, resolveu chamar a médica de plantão. Ela afirmou que, ao retornar à portaria, os policiais já haviam deixado o local levando a grávida na viatura.
LAUDO Conforme o delegado, os depoimentos das três funcionárias foram os últimos para a conclusão da fase de oitivas. O delegado aguardará agora o resultado do laudo cadavérico, feito no Centro de Perícias Científicas "Renato Chaves". Dependendo dos resultados da perícia, que apontará oficialmente, entre outros aspectos, se o não atendimento à gestante no PSM do Guamá foi decisivo para sua morte, outros depoimentos poderão ser coletados. Ao todo, 25 pessoas foram ouvidas desde a abertura do inquérito policial.
Entre as pessoas ouvidas estão funcionários do PSM do Guamá, os policiais militares que prestaram socorro à grávida, o companheiro dela, guardas municipais de plantão no hospital e a médica que atendeu Vanessa na Santa Casa de Misericórdia. O delegado pretende encerrar o inquérito até a próxima sexta-feira (11). A Santa Casa, após o falecimento de Vanessa Elaine, informou que a paciente deu entrada no hospital com morte aparente, pupilas não reagentes, sem pulsação, pressão arterial inaudível e cianose periférica - cor azulada decorrente da falta de oxigenação. Ainda segundo a Santa Casa, a paciente foi atendida pela equipe do plantão médico, que realizou procedimentos de reanimação, mas a gestante não reagiu aos estímulos.
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