POLÍCIA CIVIL APURA DENÚNCIAS DE MAUS-TRATOS A ANIMAIS EM ENTIDADE

REPORTAGEM DE VITO GEMAQUE*

Um grande dilema vivem 85 cães e gatos do abrigo da Sociedade Protetora dos Animais do Pará (SPPA), um dos primeiros grupos de defesas dos animais criados em Belém com o intuito de ajudar os animais abandonados na cidade. O abrigo, localizado no bairro Guamá, foi denunciado na Delegacia de Meio Ambiente (Dema) acusado de maltratar os bichos que se encontram sob a responsabilidade deles. A delegacia instaurou inquérito para averiguar as denúncias. Na última terça-feira, 18, veterinários indicados pela Dema estiveram no local e constataram diversas irregularidades como superlotação, péssimas condições de higiene, ratos, grades enferrujadas, cães e gatos doentes com sarnas sem atendimento médico e falta de comida e água. 

LOGOMARCA DA DEMA
Os veterinários contabilizaram 32 gatos e 53 cães, sendo 17 filhotes e 36 adultos. 'Eles não têm acompanhamento de veterinários e as vacinas não estão em dia. O próprio homem que toma conta dos animais corre riscos', alertou a delegada Vera Francisca Batista, da Dema. A responsável pelo abrigo, Maria do Rosário, foi intimada, na última quarta-feira, 19, para prestar esclarecimentos, mas não compareceu. Segundo a delegada, a acusada será intimada mais duas vezes, a segunda tentativa está programada para a próxima semana, na quinta-feira, 27. A denunciante Eliana Oliveira, 75 anos, funcionária pública aposentada, contribuía há cerca de 8 anos com ração e dinheiro. 

A aposentada ficou sabendo da situação por meio do Facebook e não acreditou no que viu quando fez uma visita. 'Eu fiquei chocada. Vi, inclusive, um gatinho sendo comido por um cachorro, uma situação horrível', afirma. As primeiras a dar o alerta foram a veterinária Monique Teixeira e Maria Célia Gomes. 'Muitas vezes a gente levava material para lá e o material era desviado. Os animais chegam lá e não têm cuidado. Não mandam para clínica', disse Monique, que não consegue se conformar com as cenas que diz ter presenciado. 'Um dia eu estava lá, uma cachorra pariu e comeu os filhotes. Isso só ocorre quando o animal está estressado ou com muita fome.' A cadela Mila, de cinco meses, hoje, só quer saber de brincar. Porém a cachorra quase morreu por uma doença causada por carrapatos. 

O animal, que estava no abrigo da SPPA, foi adotado pela autônoma Mônica Gama, pouco tempo depois de Mônica deixar a outra cachorra dela, Tigresa, para ser tratada no abrigo - na época com 12 anos, diagnosticada com câncer e displasia. 'Eu achei ela (sic) linda e me apaixonei', relembra Mônica. A autônoma conta que foi muito difícil deixar Tigresa no abrigo. 'Ela ficou quase 20 dias lá. Nesse tempo, eu sempre levava ração para ela, mas, quando chegava lá, o homem tinha dado para os outros cachorros, porque eles estavam com fome', diz. A responsável pelo abrigo da SPPA, Maria do Rosário, que não quis dar o sobrenome, se defende das acusações e contesta os maus-tratos na instituição. 

Ela confirma que irá comparecer à Dema na próxima semana. 'Eu vou ao Meio Ambiente (delegacia). O que eles estão querendo é tomar o nosso terreno. Aquilo é tudo comprado e registrado', afirma. 'Doação em dinheiro é pouca, eu não tenho carro importado, eu não tenho luxo. A sociedade que entra é pouca, toda a ração que recebemos vai para lá', argumenta. A administradora ainda ameaça processar aqueles que lhe acusam. Já o caseiro e irmão dela, Raimundo Meira, 59 anos, insiste que 'é tudo mentira'. Ele assume alguns problemas, mas diz que é melhor que os animais estejam no abrigo do que na rua. 'As pessoas não querem mais os bichos e jogam eles aqui na frente. Às vezes é bicho atropelado que deixam ai', relata. 

Segundo o presidente da Associação de Defesa e Proteção Animal (Asdepa), Daniel Costa, muitos integrantes da antiga SPPA faleceram e ninguém continuou com o trabalho. 'Se as pessoas que estiveram à frente do abrigo não tiverem critérios e colocarem todo animal para dentro, vai ser que nem enxugar gelo', afirma. Para a fundadora do Grupo Anjos Viralatas (Gav), Viviane Carvalho, a denúncia na Dema não foi a melhor opção, pois corre o risco dos animais serem sacrificados. 'Queríamos resolver isso na conversa', fala. Ambos acompanham o caso para que os animais não sejam sacrificados pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). 

Segundo estimativas do CCZ, do ano passado, cerca de 200 mil animais domésticos estavam abandonados nas ruas da capital. A legislação brasileira indica punições para quem comete esse tipo maus-tratos. A Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, conhecida como 'lei de crimes ambientais', estabelece, no artigo 32, que quem praticar abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, poderá ser preso pelo período de três meses a um ano, além de pagar multa. A pena ainda pode ser aumentada de um sexto a um terço da sentença se ocorrer a morte do animal.

* DA REDAÇÃO DO JORNAL AMAZÔNIA.

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