DELEGACIA DO IDOSO APURA DENÚNCIAS E GARANTE ATENÇÃO DOMICILIAR EM CASOS DE MAUS-TRATOS
Sancionado em 1º de outubro de 2003, o Estatuto do Idoso define medidas de proteção aos indivíduos a partir de 60 anos. O texto regulamenta os direitos, determina obrigações das entidades assistenciais e estabelece penalidades para uma série de situações de desrespeito aos idosos. No entanto, o desrespeito ainda é a situação mais recorrente na vida de muitos deles. Prova disso são os números crescentes de casos de abusos e maus-tratos registrados junto à Delegacia de Proteção Integral ao Idoso (DPID), que é vinculada à Divisão Especializada de Combate aos Crimes Discriminatórios (DECD) da Polícia Civil do Pará.
De janeiro a julho deste ano, quase 800 casos foram levados à DPID contra pouco mais de 500 registros, de todo o ano passado.
VISITA DOMICILIAR |
As denúncias, geralmente, são espontâneas (feitas diretamente na delegacia) ou chegam de forma anônima por meio dos serviços 181 e 100 e, muitas vezes, precisam ser averiguadas in loco.
Nesta quarta-feira, 20, profissionais da Delegacia do Idoso estiveram na casa da aposentada Maria de Lourdes Botelho da Silva, 88 anos, no bairro da Cremação. O filho mais velho da idosa, Valter Botelho, acusou os próprios irmãos, que moram com ela, de maus-tratos. Mas no contato direto com a senhora, que sofre de hipertensão e já apresenta sintomas do Mal de Alzheimer, a assistente social descartou qualquer tipo de negligência. “Não procede a denúncia. Ela é alimentada, medicada e não tem sinais de violência pelo corpo”, declarou Sara Pontes.
A investigação apontou que o denunciante, de 70 anos, é adepto de jogos de azar, dependente do álcool e ainda possui alguns distúrbios mentais.
Durante a visita, a assistente social conferiu os alimentos na dispensa, na geladeira e o que estava sendo preparado para o almoço da idosa. Viu de perto o local onde ela dorme e vasculhou toda a residência - que está sendo reformada por dois dos três filhos que moram com a aposentada. Autônoma, Vera Lúcia Botelho, 57 anos, filha de Maria de Lourdes, desabafou: “Eu deixe de viver. Até me separei do marido para cuidar dela. Ser acusada de estar maltratando minha própria mãe dói muito”.
Ser esboçar nenhuma emoção, mas também bastante indignado com o irmão-acusador, Carlos Alberto Botelho, comerciário, 53 anos, diz que faz o que pode para cuidar da mãe. “A gente se organiza aqui para levá-la ao médico, dar alimentação, oferecer o melhor para ela, que é cheia de vontades. Eu pouco saio de casa porque não gosto, porém, mesmo que gostasse não daria porque com todos esses cuidados não é possível ter vida social nenhuma. Somos nós que fazemos de tudo por ela, porque queremos que ela fique conosco por mais tempo”, disse.
E mesmo se expressando com poucas palavras, dona Maria de Lourdes Botelho confessou ter bons filhos. “Eu sou muito bem cuidada. Como bem, e muito bem!”, comemorou. Mas, ao ser questionada da necessidade da presença do filho mais velho em casa, a aposentada confessou que não o queria por perto. Valter Botelho será chamado na Delegacia do Idoso para que seja orientado a se afastar da residência, cordialmente. Em caso de descumprimento, ele poderá cumprir Medida Protetiva de afastamento obrigatório.
DELEGADA SANDRA VEIGA |
IDOSOS Na Delegacia de Proteção Integral ao Idoso só podem ser registrados os casos de crimes previstos no Estatuto do Idoso, como violência física, psicológica, sexual, abuso financeiro e econômico, conflito familiar e vicinal, além de negligência, maus-tratos, conflito conjugal, calúnia, difamação e injúria. “Qualquer um pode denunciar para que seja iniciada uma investigação. Mas é muito importante que esse idoso se reconheça como pessoa útil, como pessoa importante dentro do seio da família. E não se sinta culpado porque, hoje em dia, alguém precisa ter um cuidado maior com ele. Essa conscientização é fundamental para que, uma vez sendo vítima de humilhação, de distratos, de maus-tratos, esse idoso tenha coragem e queira denunciar essas pessoas”, relatou Sandra Veiga, titular da Delegacia do Idoso.
Entretanto, é preciso estar atento aos crimes e abusos praticado contra idosos. Em alguns casos, o cidadão deve procurar primeiro a Delegacia de Polícia mais próxima de casa e em seguida o Ministério Público ou, ainda, as entidades de defesa dos direitos humanos, já que a DPID só atende os crimes estabelecidos no Estatuto do Idoso. A Delegacia do Idoso fica na Rua Avertano Rocha, 417, e está aberta ao público das 8 às 18 horas. Mais informações pelo fone (91) 3222-7564.
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