POLÍCIA CIVIL APURA OMISSÃO EM ATENDIMENTO A GESTANTE NO PSM
A Polícia Civil do Estado está investigando a omissão de atendimento do Pronto-Socorro Municipal do Guamá, em Belém, a Vanessa Elaine Cruz, 26 anos, que estava grávida de 5 meses. Ela foi socorrida nesta madrugada por uma guarnição da Polícia Militar (PM) na Seccional da Cremação, após não conseguir socorro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A paciente foi levada para o PSM, onde não foi atendida. Ainda com vida, Vanessa foi encaminhada na viatura para a Santa Casa de Misericórdia e passou pelos primeiros-socorros, mas não resistiu. A denúncia foi feita pelo marido dela, Marco Antônio Silva, que prestou depoimento na manhã desta sexta-feira (14) no 20º Batalhão de Polícia Militar e na Divisão de Investigações e Operações Especiais (Dioe).
DELEGADA IONE COELHO |
Após os depoimentos desta sexta-feira, nos quais foram ouvidos o marido de Vanessa e a guarnição da PM que transportou a mulher, a Polícia Civil abrirá inquérito para apurar a omissão de atendimento à jovem. Segundo a diretora de Polícia Metropolitana, delegada Ione Coelho, o PSM, como hospital de pronto-socorro, deveria ter prestado os primeiros atendimentos à paciente e, assim que controlada a hemorragia e a convulsão, providenciado uma ambulância para transportá-la até a Santa Casa de Misericórdia. Ainda devem ser usados no procedimento o depoimento da porteira do PSM do Guamá, que, segundo a denúncia de Marco Antônio, informou que o hospital não atendia a gestantes; o da técnica em enfermagem; e o da médica de plantão naquela madrugada no pronto-socorro. “Após as investigações, a polícia deverá concluir se houve ou não algum crime e quem são os culpados”, assegurou Ione, informando que a viatura usada para o transporte da grávida passará por uma perícia, cujo resultado também deve compor o inquérito.
OMISSÃO Segundo Marco Antônio, Vanessa começou a passar mal e, sem conseguir o socorro do Samu, buscou ajuda na Seccional da Cremação. Uma viatura, com a autorização do Centro Integrado de Operações (Ciop), transportou a jovem para o posto de atendimento mais próximo, que era o PSM do Guamá. O tenente Ênio Felix, que monitorou o socorro a Vanessa, disse que a paciente estava com convulsões e apresentava sangramentos. No momento em que chegaram ao PSM, segundo informações do tenente e do próprio marido de Vanessa, os policiais e Marco Antônio foram informados que ela não poderia ser atendida, pois o hospital não receberia gestantes. "A gente ficou na porta. O PM ficou insistindo no atendimento com a pessoa que estava na portaria do pronto-socorro, mas quando souberam que se tratava de uma gestante, disseram que aquele hospital não recebe grávidas, que deveríamos encaminhar para a Santa Casa a minha mulher”, afirmou, emocionado, Marco Antônio.
Ainda segundo o marido, além de os primeiros-socorros terem sido negados no PSM, o transporte da paciente para a Santa Casa ainda teve que ser feito na viatura, “mesmo com uma ambulância na frente do pronto-socorro”. Ao chegar à Santa Casa, Vanessa Elaine foi socorrida pela equipe médica de plantão, que avaliou o seu estado de saúde. Segundo a Santa Casa, a gestante deu entrada no hospital com morte aparente, pupilas não reagentes, sem pulsação, pressão arterial inaudível e cianose periférica - cor azulada decorrente da falta de oxigenação. A Santa Casa informa, ainda, que a equipe de plantão médico fez todos os procedimentos possíveis de reanimação, porém, a paciente não reagiu aos estímulos e foi encaminha ao Centro de Perícias Científicas “Renato Chaves” para serviço de verificação de óbito.
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