POLÍCIA CIVIL PRENDE HOMEM QUE SE PASSAVA POR ADVOGADO PARA APLICAR GOLPES NA GRANDE BELÉM
A Polícia Civil, por meio da Divisão de Investigações e Operações Especiais (DIOE), prendeu, nesta terça-feira, 24, em cumprimento a mandado de prisão preventiva, Mauro Raimundo Barros de Souza, 48 anos, acusado de se passar por advogado e falsificar documentos públicos e privados, para aplicar golpes. Ele foi preso, pela manhã, por policiais civis coordenados pelos delegados Neyvaldo Silva e Aurélio Paiva, da DIOE, no Conjunto Maguary, situado no bairro Parque Verde, em Icoaraci, distrito de Belém. Com ele, foram apreendidos dezenas de cartões de visita em que se apresentava como o advogado Thomas Habib, um computador, procurações, entre outros objetos pessoais. Cinco vítimas já denunciaram o acusado. Uma delas acusa Mauro de lhe ter dado um prejuízo superior a R$ 100 mil.
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MAURO ESTÁ PRESO |
A ordem de prisão foi expedida pelo juiz Pedro Sotero, da 1ª Vara de Inquéritos Policiais e Medidas Cautelas, do TJ do Pará. A equipe da DIOE apurou que, para agir, Mauro Raimundo contava com apoio de dois advogados, donos de um escritório, de nome Êxito Advocacia e Negócios, situado em Ananindeua. A denúncia do golpe foi levada à DIOE pela Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Pará, onde há inúmeras denúncias contra o escritório. Conforme o delegado, há dois meses , a Polícia Civil investigava os golpes. “A prisão de Mauro é uma etapa das investigações”, enfatiza, ao ressaltar que o trabalho policial será aprofundado para apurar o envolvimento dos advogados no esquema.
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APREENSÕES |
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CARTÕES DE VISITA ENCONTRADOS COM PRESO |
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DELEGADO NEYVALDO SILVA |
Mauro já tem antecedentes criminais, inclusive, já foi preso antes pelos crimes de estelionato e estupro. Ele também responde a processo por roubo.
O delegado detalha como o golpe chegou ao conhecimento da DIOE. “Recebemos denúncias de que supostos falsos advogados estavam aliciando pessoas para oferecer serviços jurídicos. Para tanto, como forma de dar credibilidade, usavam insígnias e símbolos da OAB, e usavam trajes forenses”, detalha. Para algumas vítimas, ele se identificou como membro de um órgão denominado “Ordem dos Bacharéis do Brasil (OBB)”, que, segundo a OAB Pará, não existe.
Mauro chegou a abrir um consultório médico, em Ananindeua, com serviço de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Móvel, para atender exclusivamente vítimas de acidentes de trânsito, como forma de capturar “clientes” interessados em obter o seguro de acidentes de trânsito envolvendo veículos automotores, o DPVAT.
Passando por Thomas Habib, ele atendia as vítimas na Êxito Advocacia e Negócios, de propriedade do advogado Afonso Braga. Em um dos golpes, Mauro chegou a se identificar como o advogado Afonso Braga, que está legalmente registrado na OAB.
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CARTÃO DE FALSO ADVOGADO |
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VÍTIMA 1 |
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VÍTIMA 2 |
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SÉRGIO TAMBÉM FOI VÍTIMA |
Conforme a advogada Ivanilda Pontes, da OAB Pará, já existem procedimentos administrativos em tramitação na OAB contra a atuação do escritório. Segundo ela, Mauro já estava usando o próprio filho no crime para que também se passasse por advogado.
Agora preso, Mauro Roberto vai responder pelos crimes de exercício ilegal da profissão de advogado, falsificação de documentos públicos e privados, apropriação indébita, estelionato e falsidade ideológica. O delegado orienta às pessoas que, antes de fechar qualquer contrato com advogado, procure a Ouvidoria da OAB para verificar se, de fato, aquela pessoa é advogado devidamente registrado na Ordem. Ele pede ainda que outras vítimas procurem a DIOE, para que novos inquéritos sejam abertos contra o indiciado.
GOLPES De uma das vítimas, uma costureira, que mora em Ananindeua, Mauro Raimundo é acusado de falsificar sua assinatura e de fraudar diversos documentos pessoais e particulares, em nome dela, para entrar com petições na Justiça em seu nome. A vítima chegou a descobrir que se tratava de um golpe e pediu ao falso advogado para cancelar os procedimentos já adotados, porém, mesmo assim, Mauro teria levado os processos adiante, para tentar concluir o golpe.
Outra vítima, uma bacharel em Direito, disse que procurou o suposto advogado para dar encaminhamento no processo de locação de um imóvel. Ela conta que foi contemplada em consórcio de imóveis e assim contratou os serviços do acusado para encontrar um terreno para construir o imóvel.
Mauro, que se identificou como Afonso Braga, segundo conta a vítima, recebeu uma procuração da vítima e levantou os dados de um suposto terreno, onde ficaria a casa, e disse ainda à mulher que já havia registrado o imóvel em cartório. Para tanto, a vítima disse ter repassado R$ 110 mil ao acusado para fechar a aquisição do terreno. Segundo ela, ao se dirigir ao cartório, para requisitar a segunda via do documento, tomou conhecimento que o falso advogado havia registrado no local o terreno, onde fica o Parque Ecológico em Ananindeua, uma área de proteção ambiental.
Outra vítima, que esteve na DIOE, foi Sérgio Augusto Figueiredo. Ele conta que, em 2011, colocou um anúncio, em jornal, da casa, de sua propriedade, no Conjunto Maguary, para alugar. O acusado lhe procurou dizendo que queria alugar a casa em um contrato de locação de dois anos. Sérgio conta que descobriu o golpe ao verificar o contrato da locação, firmado em cartório, pois o acusado atrasou seis meses do pagamento do aluguel. Sérgio descobriu Mauro havia falsificado documentos para forjar registrar em cartório uma escritura falsa, em que a vítima supostamente transferia a propriedade do imóvel para o acusado. Dessa forma, Sérgio conta que constituiu um advogado para entrar na Justiça com ação de despejo contra o acusado.
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